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terça-feira, março 15, 2005

IndieLisboa homenageia cineasta chinês e aposta em cinema argentino




O realizador chinês Jia Zhang-Ke e o cinema independente da Argentina vão estar em destaque em duas secções “Herói Independente”, na segunda edição do Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa, cujo principal objectivo é a divulgação e descoberta de novas obras e novos cineastas. O Fórum Lisboa e os Cinemas King acolherão, pela primeira vez, o IndieLisboa entre os próximos dias 21 de Abril e um de Maio. Para além do “Herói Independente”, o festival contará ainda com as restantes secções “Observatório”, “Competição Oficial” e “Sessões Especiais”.
Ao contrário do ano passado em que o IndieLisboa, na sua sessão inaugural, escolheu o Festival de Sundance como “Herói Independente”, este ano apostará em fazer uma retrospectiva do cineasta Jia Zhang-Ke e colocará em destaque a cinematografia independente da Argentina, em duas secções da referida categoria cujo objectivo é homenagear o contributo de uma personalidade ou entidade que ajudou a construir um cinema inovador e livre de constrangimentos comerciais.
Jia Zhang-Ke, considerado um dos nomes mais interessantes e influentes do cinema chinês, conta já com uma vasta obra que se distingue não só pela resistência à censura de um país que não tolera objectos artísticos que não vão de encontro à sua política oficial, mas também pela forma como mostra a sociedade chinesa colocando-se sempre à margem das convenções. Com a sua presença marcada, o IndieLisboa exibirá a sua obra completa, nomeadamente os filmes “Plataforma”, “PickPocket”, “Unknown Pleasures”, o documentário “In Public” e ainda, em ante-estreia, “The World” que esteve o ano passado em competição no Festival de Veneza.
Por sua vez, o cinema independente da Argentina marca a sua presença no Indie por revelar uma vontade inabalável de fazer filmes independentemente das condições de produção e das inevitáveis contrariedades orçamentais. O festival concretiza a sua homenagem à cinematografia argentina fazendo uma mostra de longas e curtas-metragens assinadas por nomes como Pablo Trapero, Lucrécia Martel ou Lisandro Alonso (este é já uma das presenças confirmadas). Eduardo Antín, ex-director do Festival Internacional de Buenos Aires, será o comissário desta mostra, marcando também presença no festival em Lisboa.

Atribuição de prémios distribuída por vários júris

O Júri Internacional que presidirá ao IndieLisboa será composto por Ilda Santiago, directora do Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, pela actriz portuguesa Beatriz Batarda, pelo referido realizador argentino Lisandro Alonso, por Olaf Möller, crítico alemão e editor europeu da revista “Film Comment”, e pelo jornalista britânico Kieron Corless que escreve para as revistas “Time Out London” e “Vertigo”. Este júri estará responsável pela atribuição do Grande Prémio da Longa e da Curta-Metragem Sagres Preta, o Prémio Tóbis para Melhor Filme Português e ainda o Prémio AIP/ Fuji Film de Melhor Fotografia para Melhor Filme Português.
Para além do Júri Internacional, estará presente, no Indie, o Júri Onda Curta que atribuirá o prémio “2: Onda Curta”, responsável pela aquisição de direitos de exibição dos filmes vencedores para o programa
Onda Curta da 2:. Este júri será composto por João Garção Borges, autor e coordenador do referido programa, Paolo Manera, crítico e ensaísta italiano, anteriormente responsável pela secção competitiva de curtas-metragens do Festival de Turim e Clémentine Mourão-Ferreira, colaboradora de revistas ligadas ao cinema e responsável pela coordenação da quarta e quinta edições da Festa do Cinema Francês.
Por fim, esta segunda edição do IndieLisboa contará com a presença de um júri formado pelos espectadores das sessões da “Competição Oficial” e do “Observatório” que atribuirá os prémios Jameson para Melhor Longa e Curta-Metragem.

FIPRESCI representada no Indie

Outra das novidades deste ano do festival é a presença de Belinda van de Graaf, vice-presidente e observadora escolhida para representar o FIPRESCI (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Ela será a responsável por avaliar a possibilidade do IndieLisboa poder vir a acolher um júri FIPRESCI, em edições futuras.
Está também previsto para este ano a organização de mesa redonda com a presença de cineastas, críticos e observadores onde serão discutidas as semelhanças e as diferenças entre o cinema português e o cinema argentino.
Para este ano, a organização do IndieLisboa está com boas expectativas em relação ao número de filmes e sessões relativamente ao ano passado. Contudo, todas as dúvidas dissipar-se-ão no próximo dia 21 deste mês, quando for anunciada toda a programação deste segundo Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa.

Fontes: