Há vida no terminal
Steven Spielberg, conceituado realizador norte-americano, voltou a presentear os amantes do cinema. Mas por detrás da sua última produção, intitulada “The Terminal”, há uma história bem real: a de um homem que efectivamente vive num aeroporto.
Aqueles que já tiveram o prazer de passar pelo aeroporto Charles de Gaulle, em França, decerto que o viram ou, no mínimo, ouviram falar dele. Sentado em bancos de plástico vermelhos, de aspecto sempre impecável e com uma postura inconfundivelmente sui generis : assim se pode descrever sucintamente Mehram Karimi Nasseri, um iraniano de 59 anos que nos últimos tempos tem andado nas bocas do mundo.
“Sir Alfred”, como o próprio se intitula, é um caso impressionante e difícil de entender. Este apátrida nasceu em Masjid Soleiman, região iraniana que em 1945 estava ainda sob controlo britânico, e durante a sua juventude estudou na universidade inglesa de Bradford. Em 1976 terá regressado ao Irão, tendo sido preso por participar em manifestações contra o regime da época. Posteriormente é libertado e expulso do seu país, sendo-lhe atribuído um passaporte de imigração, documento que o proibia de regressar à sua pátria.
Em busca de identidade
Nasseri começa então a sua saga por toda a Europa. Durante algum tempo pede asilo político, solicitação que lhe é negada por diversos países, até que a Bélgica assiste aos seus intentos e o iraniano obtém os documentos necessários para pedir a nacionalidade de um país europeu.
Estranhamente, apenas em 1986 este caricato indivíduo decide pedir nacionalidade inglesa. Dois anos depois parte rumo a Londres e, na escala em Paris, perde a mala com os documentos. A partir daqui misturam-se uma série de versões da história, que o próprio “Sir Alfred” faz questão de não esclarecer: entre um suposto retorno à Bélgica, uma viagem de ferry-boat para Inglaterra e toda uma quantidade de impressionantes peripécias, até hoje é impossível compreender ao certo como este homem se deixou enrolar numa complicada teia burocrática que o conduziu ao aeroporto Charles de Gaulle, onde acabaria por se quedar.
O dia-a-dia de “Sir Alfred”
Se a vida de Nasseri no Terminal 1 daquele “entreposto de aviões” chegou a ser difícil, fase em que sobreviveu à custa da caridade de passageiros e funcionários, hoje “Sir Alfred” subsiste sem qualquer problema, principalmente devido a todos os jornais e revistas pelos quais é solicitado com o fim de relatar a sua história. Os seus pertences estão todos empilhados em caixas que guarda religiosamente junto à sua “cama” (um mero conjunto de bancos onde o iraniano pernoita) e a higiene pessoal também não é problema, uma vez que este utiliza as casas de banho do aeroporto durante a madrugada.
Porém, Nasseri é hoje um homem psicologicamente instável, situação que facilmente se compreende. O seu estado de espírito é muito irregular e tanto pode estar extremamente comunicativo, como ficar semanas sem proferir uma palavra.
De toda esta incrível narrativa, aquilo que de mais bizarro se pode dizer é que, presentemente, este homem poderia ser livre, um cidadão comum com toda a documentação necessária. Contudo, mesmo depois de receber uma avultada quantia monetária devido à recente película “hollywoodesca” inspirada em si, Nasseri recusa-se a assinar os papéis que lhe conferem o direito a uma vida normal, afirma não conhecer nenhum Mehram Karimi Nasseri e, como já foi referido, auto intitula-se de “Sir Alfred”.
A dúvida hoje é saber se algum dia o ilustre morador do Terminal 1 terá outro endereço. O aeroporto tornou-se a sua casa, de tal forma que o seu passado pertence àquele local e, ao que tudo indica, o futuro também.
“Sir Alfred”, como o próprio se intitula, é um caso impressionante e difícil de entender. Este apátrida nasceu em Masjid Soleiman, região iraniana que em 1945 estava ainda sob controlo britânico, e durante a sua juventude estudou na universidade inglesa de Bradford. Em 1976 terá regressado ao Irão, tendo sido preso por participar em manifestações contra o regime da época. Posteriormente é libertado e expulso do seu país, sendo-lhe atribuído um passaporte de imigração, documento que o proibia de regressar à sua pátria.
Em busca de identidade
Nasseri começa então a sua saga por toda a Europa. Durante algum tempo pede asilo político, solicitação que lhe é negada por diversos países, até que a Bélgica assiste aos seus intentos e o iraniano obtém os documentos necessários para pedir a nacionalidade de um país europeu.
Estranhamente, apenas em 1986 este caricato indivíduo decide pedir nacionalidade inglesa. Dois anos depois parte rumo a Londres e, na escala em Paris, perde a mala com os documentos. A partir daqui misturam-se uma série de versões da história, que o próprio “Sir Alfred” faz questão de não esclarecer: entre um suposto retorno à Bélgica, uma viagem de ferry-boat para Inglaterra e toda uma quantidade de impressionantes peripécias, até hoje é impossível compreender ao certo como este homem se deixou enrolar numa complicada teia burocrática que o conduziu ao aeroporto Charles de Gaulle, onde acabaria por se quedar.
O dia-a-dia de “Sir Alfred”
Se a vida de Nasseri no Terminal 1 daquele “entreposto de aviões” chegou a ser difícil, fase em que sobreviveu à custa da caridade de passageiros e funcionários, hoje “Sir Alfred” subsiste sem qualquer problema, principalmente devido a todos os jornais e revistas pelos quais é solicitado com o fim de relatar a sua história. Os seus pertences estão todos empilhados em caixas que guarda religiosamente junto à sua “cama” (um mero conjunto de bancos onde o iraniano pernoita) e a higiene pessoal também não é problema, uma vez que este utiliza as casas de banho do aeroporto durante a madrugada.
Porém, Nasseri é hoje um homem psicologicamente instável, situação que facilmente se compreende. O seu estado de espírito é muito irregular e tanto pode estar extremamente comunicativo, como ficar semanas sem proferir uma palavra.
De toda esta incrível narrativa, aquilo que de mais bizarro se pode dizer é que, presentemente, este homem poderia ser livre, um cidadão comum com toda a documentação necessária. Contudo, mesmo depois de receber uma avultada quantia monetária devido à recente película “hollywoodesca” inspirada em si, Nasseri recusa-se a assinar os papéis que lhe conferem o direito a uma vida normal, afirma não conhecer nenhum Mehram Karimi Nasseri e, como já foi referido, auto intitula-se de “Sir Alfred”.
A dúvida hoje é saber se algum dia o ilustre morador do Terminal 1 terá outro endereço. O aeroporto tornou-se a sua casa, de tal forma que o seu passado pertence àquele local e, ao que tudo indica, o futuro também.
1 Comments:
Antes de mais, tenho de referir que como (também) amante da 7ª arte, agrada-me muito o vosso blog!!! Quanto a este post, agradou-me particularmente porque já fui assistir ao "The Terminal", e tinha alguma curiosidade em conhecer a pessoa real, em que foi inspirada a personagem de Tom Hanks. Obrigado por saciarem a minha curiosidade!!!
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